domingo, 16 de junho de 2013

Teologia: a mãe das ciências

Quando observamos as ciências naturais e as estudamos, percebemos que elas são regidas por leis perfeitas, imutáveis e eternas. Ora, se pela a razão o homem, único ser racional, chega a esse conhecimento, ele também percebe que essas leis não depende dele para acontecer, logo as leis naturais são de origens sobrenaturais e refletem a perfeição de quem elaborou, Deus.

Ciência é uma palavra latina que significa conhecimento, é buscar verdades objetivas para alimentar a inteligência, e pela verdade distinguir o certo e o errado. Sendo Deus a Verdade primeira, tirando ele dos estudos, tudo desmorona.
E foi exatamente isso que aconteceu no século XIX na França, Deus, origem de tudo, foi expulso das Universidades por uma elite de pseudo-filósofos cujo ideais é assumir Seu lugar e governar o mundo aos seus maldosos prazeres. Tirando Deus das universidades, a ciência deu espaço ao cientificismo ateu, que estuda o homem e os fenômenos sem levar em consideração a metafísica, causando estrago na própria ciência, pois, a Teologia é a mãe das ciências sendo Deus seu objeto; Teologia, discurso sobre Deus.

Foi necessário fazer essa apresentação para que melhor se entenda os males que assola até a psicologia do orgulhoso e decadente homem moderno, que rejeita o Supremo bem e definha em vãs filosofias, a seguir, a explicação de Santo Tomás sobre a Teologia.
 A teologia como ciência.
Era necessário existir para salvação do homem, além das demais ciências que são pesquisadas pela razão humana, uma doutrina fundada na revelação divina. Primeiro porque o homem está ordenado para Deus, como para um fim que ultrapassa a compreensão da razão, como diz Isaías: “ O olho não viu, ó Deus, fora de ti, o que preparaste para todos que te amam”. Ora, é preciso que o homem, que dirige suas intenções e suas ações para um fim, antes, conheça esse fim. Era necessário para a salvação do homem que estas coisas que ultrapassam a sua razão lhe fossem comunicadas por revelação divina.
Com efeito, a verdade sobre Deus pesquisada pela razão humana chegaria a um pequeno numero de pessoas depois de muito tempo e cheia de erros. No entanto, do conhecimento dessa verdade depende a salvação do homem, que se encontra em Deus. Assim, para que a salvação chegasse aos homens com mais facilidade e maior garantia, era necessário fossem eles instruídos a respeito de Deus por revelação divina.

Ante o advento das ciências modernas, tonou-se ambíguo referir-se à teologia como ciência. Todavia, Santo Tomás entende a palavra "ciência" no sentido Aristotélico, ou seja, o grau mais perfeito do conhecimento humano, o que conhece a essência de uma coisa como princípio explicativo desta coisa e de todas as propriedades das quais da conta a experiência. Haverá demonstração científica quando, a partir da definição da essência, eu puder mostrar a conveniência necessária de tal propriedade ao objeto considerado.A aplicação da ciência aristotélica à teologia como saber humano sobre Deus parecia fadada ao fracasso. Por isso o dilema: fé ou ciência.

A doutrina sagrada é uma ciência?

Agostinho diz: "A esta ciência pertence apenas aquilo pela qual a fé, bem salutar, é gerada, alimentada, definida, corroborada".
A doutrina sagrada é ciência. Mas existem dois tipos de ciência. Algumas procedem de princípios que são conhecidos à luz natural do intelecto, como a matemática, geometria etc. Outras procedem de princípios conhecidos à luz de uma ciência superior. É desse modo que a doutrina sagrada procede de princípios conhecidos à luz de uma ciência superior, a saber, da ciência dos bem aventurados. E como a música aceita os princípios que lhe são passados pelo aritmético, assim a doutrina sagrada aceita os princípios revelados por Deus.

Portanto, deve-se dizer que os princípios de toda e qualquer ciência, ou são evidentes por si, ou se apoiam no conhecimento de uma ciência superior.
Deve-se dizer que fatos singulares são relatados na doutrina sagrada, não porque deles principalmente se trate. Eles são introduzidos como exemplo de vida, como nas ciências morais, ou visam estabelecer a autoridade dos homens pelos quais nos chega a revelação divina, fundamento da própria Escritura ou doutrina sagrada.
Ciência especulativa e prática. Toda ciência prática se refere a obras que podem ser praticadas pelo homem: por exemplo, a moral se refere aos atos humanos; a arquitetura, às construções. Ora a doutrina sagrada trata em primeiro lugar de Deus, de quem os homens são a obra maior. Ela não é, portanto, uma ciência prática, mas, especulativa.
A ciência sagrada se estende àquelas coisas que pertencem às ciências filosóficas diversas, por causa da razão formal, que nelas se aplica, a saber enquanto são cognoscíveis à luz divina. Embora entre as ciências filosóficas, umas sejam especulativas e outras práticas, a doutrina sagrada, porém, compreenderá em si, uma e outra; assim como Deus, por uma mesma ciência, conhece a si próprio e conhece suas obras.
No entanto, a ciência sagrada é mais especulativa do que prática, porque se refere mais às coisas divinas do que aos atos humanos.
As outra ciências, comparadas à doutrina sagrada, são chamadas suas servas, como lemos em Provérbios: (a Sabedoria) “enviou suas servas a clamar nos altos da cidade”.
Como essa ciência é a um só tempo especulativa e prática, ultrapassa todas as outras. Entre as ciências especulativas deve-se considerar como a mais excelente aquela que é a mais certa ou a que tem a matéria mais excelente. É mais certa, porque as outras recebem sua certeza da luz natural da razão humana, que pode errar, ao passo que ela recebe a sua da luz da ciência divina, que não pode enganar-se. E ela tem a matéria mais excelente, pois se refere principalmente ao que, por sua sublimidade, ultrapassa a razão, ao passo que as outras disciplinas consideram apenas o que está sujeito a razão.
Entre as ciências práticas, a mais excelente é a que está ordenada a um fim mais alto como acontece com a política em relação a arte militar, pois o bem do exército está ordenado ao bem da cidade. Ora, o bem dessa doutrina é a bem-aventurança eterna, à qual se ordenam todos os outros fins das ciências práticas. Portanto, é claro sob qualquer dos ângulos, a ciência sagrada é a mais excelente.

Deve-se dizer que nada impede que aquilo que é mais certo por sua natureza, seja para nós, menos certo devido à fraqueza de nosso intelecto. A dúvida pode surgir em alguns a respeito dos artigos de fé não deve ser atribuída à incerteza das coisas, mas à fraqueza do intelecto humano, por isso, deve-se dizer que a ciência sagrada pode tomar emprestada alguma coisa às ciências filosóficas. Não que lhe seja necessário, mas em vista de melhor manifestar o que ela própria ensina. Seus princípios não vêm de nenhuma outra ciência, mas de Deus imediatamente, por revelação. Portanto, ela não toma emprestado das outras ciências como se lhe fossem superiores, mas delas se valem de servas e inferiores. Que a ciência sagrada se valha das outras ciências, não é por falha ou deficiência sua, mas por falha do intelecto. A partir dos conhecimentos naturais, de onde procedem as outras ciências, nosso intelecto é mais facilmente introduzido nos objetos que ultrapassam a razão e são a matéria desta ciência.
Esta doutrina é, por excelência, uma sabedoria, entre, entre todas as sabedorias humanas, não só num gênero particular, mas de modo absoluto. Compete ao sábio ordenar e julgar; o julgamento de coisas inferiores se faz mediante uma causa suprema desse gênero. Por exemplo, o artífice que preparou os planos da casa merece o título de sábio de arquiteto, em relação a técnicos inferiores incumbidos da talha das pedras ou do corte das madeiras. Tratando da vida humana em seu conjunto, o homem prudente será chamado sábio quando ordenar os atos humanos a um devido fim. Por conseguinte, quem considera simplesmente a causa suprema de todo universo, que é Deus, merece por excelência ser chamado de sábio. Ora, a doutrina sagrada trata muito propriamente de Deus enquanto causa suprema; saber, não somente do que se pode saber por intermédio das criaturas, e que os filósofos alcançaram, “... pois o que se pode conhecer de Deus é para ele manifesto”, diz o Apóstolo na Carta aos Romanos; mas também do que só Deus conhece de si mesmo, e comunicado aos outros por revelação. Assim a doutrina sagrada merece o nome de sabedoria.

Como os princípios das outras ciências, ou são evidentes por si, e não podem ser provados, ou se provam por alguma razão natural por outra ciência. Ora, o conhecimento da ciência sagrada é obtido pela revelação e não pela razão natural. Portanto, não pertence à doutrina sagrada estabelecer os princípios das outras ciências, mas apenas julgá-los. Tudo o que nessas ciências se encontrar como contrário à verdade da ciência sagrada deve ser condenado como falso, conforme diz na Carta aos Coríntios: “Nós destruímos os raciocínios pretensiosos e todo o poder altivo que se ergue contra o conhecimento de Deus”.
A Sagrada Escritura, por conseguinte, não tendo outra que lhe seja superior, terá de disputar com quem nega seus princípios. Mas se o adversário não acredita em nada das verdades reveladas, não resta nenhum modo de provar com argumentos os artigos de fé: pode-se apenas refutar os argumentos que oporia a fé. Como a fé se apoia na verdade infalível, e é impossível demonstrar o contrário do verdadeiro, fica claro que as provas trazidas contra a fé não são verdadeiras demonstrações, mas argumentos que se pode refutar.

OBS: Após o concílio Vaticano II, doutrinas modernistas e maçônicas perverteram a verdadeira doutrina teológica ensinada pela Igreja. Vários ensinamentos heréticos passou a ser ensinado como católico devido a penetração de inimigos da Igreja, principalmente a maçonaria, para corromper a verdadeira fé, portanto, aos que quiserem ter conhecimento da verdadeira doutrina teológica deve consultar os ensinamentos imutáveis da Igreja como: patrística, os ensinamentos dos doutores da Igreja (principalmente São Tomás de Aquino e Santo Agostinho), Catecismo Romano, e os documentos dos concílios dogmáticos (de Nicéia I,até o Vaticano I), cabendo lembrar que o concílio Vaticano II, embora válido, não foi dogmático, e pelos motivos citados, rompeu com a tradição bimilenar da Igreja causando o caos que observamos hoje nos ambientes católicos.


Suma Teológica Vol 1; Questão 1; artigos de 1-8.

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